quarta-feira, 22 de abril de 2020

A matemática do comportamento

E
mbora exista quem defenda que todos os acontecimentos podem ser convertidos em variáveis de uma equação e explicados matematicamente, fica difícil compreender como o comportamento, algo tão subjetivo e, na grande maioria das vezes tão emocional e ilógico, possa ser submetido a regras e princípios tão rígidos.
É sabido que os físicos, embasados na física quântica, já admitem a existência da imprevisibilidade na origem de determinados acontecimentos, o que torna ainda mais difícil o seu equacionamento.
Deixando a física de lado, o foco deste artigo é a análise da forma como a utilização dos sinais de “mais” e “menos”, aqueles que tanta dor de cabeça nos deram quando iniciamos os primeiros passos através dos intrincados caminhos da álgebra, podem ajudar-nos a melhor entender o comportamento humano.
Devo esclarecer que teremos sempre presente o reflexo da Lei das Probabilidades, já que toda a psicologia que se preze tem suas conclusões fundamentadas em dados estatísticos.  Mas, ao longo de muitos anos convivendo e analisando pessoas, acabei aprendendo que esses simples sinais de (+ e -) podem ajudar-nos a tomar decisões nos momentos difíceis e até mesmo prever possíveis comportamentos.
Quer ver um exemplo?
O que você responderia se alguém lhe perguntasse qual a causa de tantos desfalques, roubos, desvios, desmandos, mentiras, assaltos e tudo o mais que nós, brasileiros, somos  obrigados a conviver?
Sim! Você tem razão quando pensou em falta de vergonha, de caráter, de religiosidade, de respeito, de patriotismo, de cultura e outras tantas faltas mais. 
Mas, pense um pouco.  O que faz com que essas mesmas pessoas sejam tentadas a cometer esses mesmos deslizes uma, duas, ou até mais vezes, incentivando outras a seguirem o mesmo caminho?
Agora sim, você chegou ao âmago da questão quando pensou em impunidade!
         Bem, e daí ― deve estar você perguntando ― o que impunidade tem a ver com os tais sinais da álgebra?
Então vamos relembrar a teoria dos sinais.

·         O resultado de mais com mais é mais
·         O resultado de menos com mais é menos
·         O resultado de mais com menos é menos
·         O resultado de menos com menos é mais

Está lembrado, não está?

         Vamos agora tomar como base a seguinte equação:

COMPORTAMENTO + REFORÇO = RESULTADO

         Para melhor entender, voltemos ao exemplo da impunidade.
         Alguém comete o “pequeno engano” de desviar o dinheiro do povo para a sua conta particular.  Não se preocupe! É apenas um exemplo, já que isso não é muito comum acontecer por aqui. Nesse caso estamos diante de um comportamento negativo, certo?
         As autoridades podem agir de duas formas:

·    Não fazer nada! Estaríamos então diante de um reforço positivo em resposta a um comportamento negativo, ou,
·      Condenar a pessoa! Estaríamos agora diante de um reforço negativo em resposta a um comportamento negativo.

Quer ver o resultado?

Na primeira opção temos: (+) com (-) o resultado é (-). Logo, o comportamento negativo tenderá a continuar.
Na segunda opção temos: (-) com (-) o resultado é (+), Nesse caso, o comportamento negativo (roubo) teve um reforço negativo (prisão), havendo, portanto, maiores probabilidades da sua eliminação, quer seja por uma questão de consciência ou até mesmo medo.
         Mas não pense que esse raciocínio se aplica apenas a políticos corruptos.  Nada disso!
         Essa fórmula matemática está presente em todo e qualquer relacionamento, quer seja profissional ou familiar.  Se você é líder de uma equipe de trabalho, pai e mãe de encantadoras crianças ou jovens, professor e professora, treinador de uma equipe esportiva ou até adestrador de animais, pense seriamente sobre o conteúdo deste artigo.
         Quer outro exemplo?
         Imagine que o seu filho cometeu um erro.  Nós, pais, envolvidos emocionalmente e quase sempre levados pela culpa da ausência provocada pelos afazeres profissionais e domésticos, ou pelo cansaço de um dia inteiro de “luta pela sobrevivência”, acabamos relevando e passando a mão na cabecinha ― ação super correta, mas em hora errada!
         Voltando à nossa fórmula ― o comportamento negativo do filho foi reforçado positivamente pelos pais.  Resultado?  Bem, você já sabe!  A partir de que idade esta fórmula pode ser aplicada?  A resposta é ― quanto mais cedo melhor, para não precisarmos dizer mais tarde que “tronco que nasce torto não endireita”! 
         A propósito, você sabe utilizar o reforço positivo na hora certa, ou seja, sempre que ele é merecido?  Sim, estou falando de elogio! Pergunto isso porque existem muitas pessoas incapazes de elogiar.  Os motivos são os mais diversos  ― não é do temperamento delas, acham que o elogio traz poucos resultados práticos, pela sua ótica ninguém merece ou, simplesmente, se esquecem!
Para entender melhor a fórmula, analise o quadro abaixo:




          Bem, agora, quando você estiver diante de uma situação em que precise dar um reforço positivo ou negativo e não souber como agir, faça as tais continhas de mais e menos e veja como fica mais fácil entender os comportamentos e aplicar os reforços adequados.


Se você costuma agir como um perseguidor de comportamentos negativos com o objetivo de punir, que tal procurar, a partir de hoje, comportamentos positivos, por menores que possam ser, para recompensar?

         
Luiz Viegas

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