A matemática do comportamento
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mbora exista quem defenda que todos os
acontecimentos podem ser convertidos em variáveis de uma equação e explicados
matematicamente, fica difícil compreender como o comportamento, algo tão
subjetivo e, na grande maioria das vezes tão emocional e ilógico, possa ser
submetido a regras e princípios tão rígidos.
É sabido que
os físicos, embasados na física quântica, já admitem a existência da
imprevisibilidade na origem de determinados acontecimentos, o que torna ainda
mais difícil o seu equacionamento.
Deixando a
física de lado, o foco deste artigo é a análise da forma como a utilização dos
sinais de “mais” e “menos”, aqueles que tanta dor de cabeça
nos deram quando iniciamos os primeiros passos através dos intrincados caminhos
da álgebra, podem ajudar-nos a melhor entender o comportamento humano.
Devo
esclarecer que teremos sempre presente o reflexo da Lei das Probabilidades, já
que toda a psicologia que se preze tem suas conclusões fundamentadas em dados
estatísticos. Mas, ao longo de muitos
anos convivendo e analisando pessoas, acabei aprendendo que esses simples
sinais de (+ e -) podem ajudar-nos a tomar decisões nos momentos difíceis e até
mesmo prever possíveis comportamentos.
Quer ver um
exemplo?
O que você
responderia se alguém lhe perguntasse qual a causa de tantos desfalques,
roubos, desvios, desmandos, mentiras, assaltos e tudo o mais que nós,
brasileiros, somos obrigados a conviver?
Sim! Você tem
razão quando pensou em falta de vergonha, de caráter, de religiosidade, de
respeito, de patriotismo, de cultura e outras tantas faltas mais.
Mas, pense um
pouco. O que faz com que essas mesmas
pessoas sejam tentadas a cometer esses mesmos deslizes uma, duas, ou até mais
vezes, incentivando outras a seguirem o mesmo caminho?
Agora sim,
você chegou ao âmago da questão quando pensou em impunidade!
Bem,
e daí ― deve estar você perguntando ― o que impunidade tem a ver com os tais
sinais da álgebra?
Então vamos
relembrar a teoria dos sinais.
·
O
resultado de mais com mais é mais
·
O
resultado de menos com mais é menos
·
O
resultado de mais com menos é menos
·
O resultado
de menos com menos é mais
Está lembrado,
não está?
Vamos
agora tomar como base a seguinte equação:
COMPORTAMENTO +
REFORÇO = RESULTADO
Para
melhor entender, voltemos ao exemplo da impunidade.
Alguém
comete o “pequeno engano” de desviar o dinheiro do povo para a sua conta
particular. Não se preocupe! É apenas um
exemplo, já que isso não é muito comum acontecer por aqui. Nesse caso estamos
diante de um comportamento negativo, certo?
As
autoridades podem agir de duas formas:
· Não fazer nada! Estaríamos então diante de um reforço positivo em resposta a um comportamento negativo, ou,
· Condenar a pessoa! Estaríamos agora diante de um
reforço negativo em resposta a um comportamento negativo.
Quer ver o
resultado?
Na primeira opção temos: (+) com (-) o resultado é (-).
Logo, o comportamento negativo tenderá a continuar.
Na segunda opção temos: (-) com (-) o resultado é (+),
Nesse caso, o comportamento negativo (roubo)
teve um reforço negativo (prisão),
havendo, portanto, maiores probabilidades da sua eliminação, quer seja por uma
questão de consciência ou até mesmo medo.
Mas
não pense que esse raciocínio se aplica apenas a políticos corruptos. Nada disso!
Essa
fórmula matemática está presente em todo e qualquer relacionamento, quer seja
profissional ou familiar. Se você é
líder de uma equipe de trabalho, pai e mãe de encantadoras crianças ou jovens,
professor e professora, treinador de uma equipe esportiva ou até adestrador de
animais, pense seriamente sobre o conteúdo deste artigo.
Quer
outro exemplo?
Imagine
que o seu filho cometeu um erro. Nós,
pais, envolvidos emocionalmente e quase sempre levados pela culpa da ausência
provocada pelos afazeres profissionais e domésticos, ou pelo cansaço de um dia
inteiro de “luta pela sobrevivência”, acabamos relevando e passando a mão na
cabecinha ― ação super correta, mas em hora errada!
Voltando
à nossa fórmula ― o comportamento
negativo do filho foi reforçado
positivamente pelos pais.
Resultado? Bem, você já
sabe! A partir de que idade esta fórmula
pode ser aplicada? A resposta é ― quanto mais cedo melhor,
para não precisarmos dizer mais tarde que “tronco que nasce torto não endireita”!
A
propósito, você sabe utilizar o reforço
positivo na hora certa, ou seja, sempre que ele é merecido? Sim, estou falando de elogio! Pergunto isso porque existem muitas pessoas incapazes de
elogiar. Os motivos são os mais
diversos ― não é do temperamento delas,
acham que o elogio traz poucos resultados práticos, pela sua ótica ninguém
merece ou, simplesmente, se esquecem!
Para entender melhor a fórmula, analise
o quadro abaixo:
Se você costuma agir como um perseguidor de comportamentos negativos
com o objetivo de punir, que tal procurar, a partir de hoje, comportamentos
positivos, por menores que possam ser, para recompensar?
Luiz Viegas